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Quem toma a vacina da democracia não quer a doença da ditadura

Estamos diante das eleições mais relevantes desta era democrática no Brasil, se não de todos os tempos na história política brasileira. E...

sexta-feira, outubro 29, 2010

Campanha política suja

Este ano as campanhas políticas têm sido abomináveis, deploráveis, repugnantes. Vejamos alguns casos de como funciona a campanha política suja, escrota, nojenta, de baixo nível no Brasil:

1. Sem-vergonhice da TV Globo:
Quem assistiu com atenção ao Jornal Nacional (JN), de 18 de outubro, percebeu claramente a atitude vergonhosa da TV Globo, ao mostrar-se parcial e tendenciosa, como se tem verificado em todas as eleições.
Pois ao apresentar o "dia" dos candidatos, mais uma vez o JN mostrou bastante o candidato José Serra (PSDB) fazendo e falando da campanha, parecendo que estava no horário eleitoral "gratuito", e apenas citou o nome da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), sem mostrar sequer sua imagem, dizendo, mentirosamente, que ela não teria aparecido em ato político naquele dia.
Quando acontece algum problema relacionado a petistas, a TV Globo passa dias ou semanas martelando e repercutindo exaustivamente o assunto em todos os telejornais e noutros programas televisivos. Já quanto a escândalos dos demotucanos (democratas/peessedebistas), a emissora Global – igualmente à revista Veja e outros veículos da mídia não corretos, não imparciais, não isentos – omite (nada diz ou esconde) ou, se não pode evitar (ou escapar) de mostrar os fatos, limita-se a apresentar timidamente alguma coisa.

2. Aborto da mulher do Serra:
Você sabia que Monica Serra, mulher do presidenciável tucano, também fez aborto, conforme matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no último 16 de outubro?
Você acha que essa fulana descarada teria moral para dizer, como, de fato, disse em evento público, que a petista Dilma Rousseff seria a favor de "matar criancinhas", só porque ela teria declarado há anos atrás ser a favor da descriminalização do aborto, para proteger as mulheres pobres que perdem a vida em decorrência de abortos clandestinos, dado que milhares delas morrem devido a procedimentos arriscados, improvisados, impróprios, sem as mínimas condições de segurança?
Você ainda teria dúvida de que mulheres ricas, inclusive esposas de políticos, fazem aborto em clínicas particulares, no Brasil e no exterior, na calada da noite, escondido dos amigos, da imprensa, de todo mundo?
Você não pensa que estaria havendo muita demagogia, muita hipocrisia, muita mesquinharia por parte dos falsos moralistas, sabendo-se que a descriminalização do aborto libertaria as mulheres das trevas do preconceito, sobretudo religioso, e salvaria suas vidas?

3. Politicagem suja das igrejas:
Você pensa que seria correto o ato político praticado durante uma missa na basílica de Nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro, onde sacerdotes falaram do candidato José Serra e seus correligionários, ali presentes, e chamaram ao púlpito sua esposa Monica, para entregar-lhe uma estátua da Santa para levar aos conterrâneos chilenos dela?
Você concorda com a sacanagem de padres e bispos pecadores, que têm feito campanha política nas igrejas e noutros locais, falando bem do candidato tucano, e mal do PT e da candidata petista, pedindo para votar no Serra, e não em Dilma?
Você tem alguma dúvida de onde (ou de qual partido) teria saído o dinheiro para pagar a impressão dos 20 milhões de panfletos/revistas que estão sendo distribuídos aos fiéis nas igrejas, malhando o PT e denegrindo a imagem da petista, e dizendo para votar no tucano, dos quais cerca de um milhão foi apreendido recentemente pela Polícia Federal em uma gráfica de uma filiada ao PSDB, irmã de um coordenador da campanha do Serra?
Você pensa igual ao Serra, e não vê nada de errado nesse terrorismo religioso, e acha certa a politicagem suja que pregadores católicos e evangélicos diabólicos estão fazendo nas igrejas, em que ao invés da fraternidade, andam pregando o ódio, a intriga, a intolerância, a desunião e a discriminação?
Você não acha que – no Brasil da democracia, da liberdade e da justiça, do pluralismo racial, cultural e espiritual – o eleitor tem o direito de decidir espontaneamente, sem a interferência de missionários aéticos, imorais, insolentes, o que seria melhor para o país, para todos nós brasileiros?

4. Trocas de vices do Serra:
Você ficou sabendo que o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) era o nome mais cotado para ser o vice-presidente de José Serra, só não o sendo devido ao escândalo do mensalão do DEM?
Você acredita que os tucanos teriam mandado para escanteio o pré-candidato a vice-presidente Álvaro Dias (PSDB, senador do Paraná), trocando-o pelo desconhecido e inexpressivo Índio da Costa (DEM, do Rio de Janeiro), nos últimos minutos do prazo de inscrição da chapa de José Serra, por imposição dos democratas, a troco de nada?
Você sabia que depois do primeiro turno das eleições, o grupo do José Serra cogitou trocar novamente seu candidato a vice-presidente, que, então, passaria a ser o Aécio Neves (PSDB) ou o Fernando Gabeira (PV), visando ganhar a eleição de qualquer jeito, só não o fazendo por medo de ter a candidatura de Serra cassada?
Você teria imaginado que, se fosse escolhido para vice o Fernando Gabeira, ex-fumante (?) de maconha, candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, o tucano Serra prometeria liberar, caso fosse eleito, o cultivo de "cannabis sativa" e o consumo da droga no Brasil, para agradar ao companheiro verdinho, que tem defendido a descriminalização da maconha?
Você acha que os demônios (sem trocadilho com democratas) safardanas das igrejas não falam nada sobre isso porque concordam com a liberação das drogas, ou porque não querem prejudicar o candidato José Serra?

5. Escândalo do mensalão do DEM:
Você tem conhecimento de que um deputado federal democrata – que não teria feito praticamente nada pelo povo barriga-verde no Congresso Nacional, a não ser prejudicar e criticar as ações dos políticos adversários atuantes – teria dado alguns milhões de reais só para uma candidata a deputada estadual em Santa Catarina, de partido aliado, que não foi eleita, para ajudá-lo a reeleger-se?
Você saberia dizer aonde os políticos do partido Democratas (DEM) teriam arranjado tanto dinheiro para as campanhas políticas milionárias feitas no Brasil inteiro?
Você não acha que o escândalo do mensalão do DEM no Distrito Federal, que estourou em novembro de 2009, que derrubaria o governador José Roberto Arruda ("expulso" do partido), após ser preso em fevereiro de 2010 – que já houvera renunciado ao mandato de senador, em 2001, para evitar a cassação –, e que teve deputados, secretários, diretores, servidores e outras pessoas envolvidas no esquema criminoso de corrupção na gestão nefasta (desastrosa) do governo do DEM de Brasília, do qual o PSDB participava, explicaria como eles arrumam dinheiro para as campanhas eleitorais?
Você não acha que esse escândalo do mensalão do DEM, que tinha só um governador, seria fichinha perto do que haveria, supostamente, nas gestões tucanas de São Paulo e do Rio Grande do Sul, onde Yeda Crusius (PSDB) sofreu uma derrota humilhante nas urnas, e nas administrações peemedebistas de Santa Catarina, com a coligação (ou ajuntamento) dos "demos" a suas campanhas eleitorais e aos seus governos?

6. Escândalo tucano do Paulo Preto:
Você viu o escândalo do engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da estatal Dersa, que segundo denúncia de políticos do próprio PSDB, teria desviado R$ 4 milhões, que seriam destinados ao suposto "caixa dois" da campanha tucana?
Você tem alguma dúvida de que o caso do Paulo Preto, que teria recebido dinheiro de empreiteiras que estão construindo o Rodoanel, em São Paulo, e não teria repassado os recursos aos tucanos, seria só uma gota no oceano de falcatruas, maracutaias, roubalheiras no governo de São Paulo?
Você concorda com o candidato Serra – cara-de-pau, cínico, falso, hipócrita, mentiroso –, que diz que isso não tem problema nenhum, porque o dinheiro roubado seria de empreiteiras privadas, não seria dinheiro público?
Você acredita que o dinheiro que os partidos e os políticos recebem (ou cobram) das empresas construtoras não sairia dos cofres públicos, se elas realizam obras superfaturadas, incluindo os custos das propinas, paras os governos municipais, estaduais e federal?
Você faz ideia de quantos processos de Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs), o PSDB – do José Serra, do Fernando Henrique Cardoso (FHC), do Mário Covas, do Geraldo Alckmin – conseguiu engavetar ou arquivar no período de 16 anos em que governa São Paulo, onde o Alckmin foi eleito governador novamente?
Você já imaginou a que preço os tucanos cooptam (ou compram) partidários e parlamentares aliados para abafar as denúncias e barrar os inúmeros pedidos de CPIs apresentados por parlamentares da oposição paulista?
Você acha que se eles fossem corretos e honestos, e tivessem as mãos limpas, como andam dizendo, haveria por que temer as denúncias e impedir as investigações?

7. Escândalos do governo petista:
Você acredita que tenham ocorrido casos de roubalheira no governo petista, sem que a mídia e o povo brasileiro não tivessem tomado conhecimento?
Você acha que os escândalos petistas têm sido investigados, e que os responsáveis pelos deslizes tenham sido exonerados e punidos?
Você sabe por que a oposição – formada predominantemente por políticos do PSDB e do PFL (hoje DEM: mudaram o nome do partido só para tentar amenizar a sua má fama) –, com a cumplicidade da elite dominante e da grande mídia nacional, não quis derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando estourou o escândalo do mensalão, em 2005, no seu primeiro mandato?
Você teria dúvida de que a oposição imaginava que Lula, devido ao caso do mensalão, não seria reeleito em 2006, abrindo caminho para eles retomarem facilmente o poder, sem correr riscos?
Você alguma vez pensou que eles teriam ficado com medo de entrar com um processo de impeachment contra Lula, sobretudo por terem telhado de vidro e temerem ser cassados e condenados juntos, porque o esquema do mensalão teria iniciado na época do governo FHC, pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB), em Minas Gerais, onde Aécio Neves (PSDB), senador eleito agora, foi governador por dois mandatos?
Você estaria certo de que o ex-presidente Fernando Collor de Mello caiu, em 1992, porque durante seu governo contrariou interesses dos poderosos que o apoiaram na eleição de 1989, e por ele pertencer à época ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN), um partido nanico que nem mais existe, e que não tiraram Lula, em 2005, porque este é de um partido forte e possui enorme apoio popular, como demonstram os elevados índices de aprovação a seu governo?

8. Depende de Você votar certo ou errado:
Você não fica indignado com tudo que anda acontecendo nestas eleições, e confiaria e entregaria o comando do Brasil, do nosso país, a um grupo político sem escrúpulos, que faz campanha política suja, com o apoio de gente sem-vergonha, irresponsável, interesseira, que quer que o povo fique pobre e ignorante, para permanecer submisso aos exploradores da fé popular, ser serviçal (ou escravo) dos capitalistas brasileiros e estrangeiros, e continuar subjugado pelas elites burguesas dominantes?
Você se considera um eleitor esclarecido, inalienado, sensato, e acha que existe algum político do PSDB ou do PT ou de qualquer outro partido, que seja sério, honesto, de mãos limpas, competente, que esteja realmente interessado em trabalhar pelo bem-estar dos brasileiros e brasileiras, no qual possa votar certo, de verdade, sem medo de errar?
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[Outubro/2010]

terça-feira, outubro 26, 2010

Voto com consciência

Eleitor! Você não deve cerrar os olhos diante das propagandas e dos programas do horário eleitoral gratuito, das entrevistas e dos debates com os candidatos, dos noticiários políticos.
Para fazer a escolha certa, você precisa saber o que são, o que pensam, o que dizem, o que fizeram e o que podem os candidatos fazer pelo nosso País, por você, por todos nós brasileiros.
Inúmeros eleitores inocentes acabam acreditando nas mentiras de alguns candidatos, nas suas promessas vãs, vazias, nas suas propostas utópicas, inexeqüíveis, nas suas acusações desmesuradas a adversários, e nas falácias fabulosas inventadas pelos marqueteiros e nos pronunciamentos teatrais que alguns artistas e intelectuais servis fazem em favor de determinados candidatos nos programas eleitorais.
E isso não acontece só com a maioria dos eleitores menos instruídos. Também outros tantos brasileiros alienados, inclusive com grau de instrução superior, são facilmente iludidos e enganados por políticos que dizem que fizeram isso e aquilo e aquilo outro para e pelo povo enquanto cumpriam seus mandatos ou exerciam outros cargos relevantes no Governo. Não acreditemos em políticos demagogos, hipócritas, sorrateiros!
Todos nós brasileiros devemos estar conscientes de que a maioria dos políticos que estão aí procurando persuadir o eleitor com palavreado falso, cheio de requintes ilusórios marquetizados, estão, na verdade, mais preocupados em tirar proveitos eleitoreiros, em se locupletar, em satisfazer interesses pessoais e dos seus, do que em trabalhar efetivamente para o progresso do País e pela melhoria das condições de vida de todos os brasileiros.
Seja sensato, criterioso. Aja com consciência, sabedoria e inteligência no momento de votar. Valorize o seu voto. Vote em políticos sérios, íntegros, éticos, confiáveis.
Vote nos candidatos que são capazes de governar e de legislar bem e que estejam empenhados com a democracia, com a construção da cidadania, com a liberdade do povo brasileiro.
O eleitor que votar em branco, anular seu voto ou abster-se de votar poderá estar contribuindo, ainda que involuntariamente, para que políticos desgraçados, inconsequentes, ladrões sejam eleitos no lugar dos honestos, ilibados, lutadores, dos que realmente estariam dispostos a trabalhar pelo bem-estar do povo brasileiro.
Mostre o seu espírito patriótico! Vote com dignidade. Não venda seu voto.
Não se deixe ludibriar pelos politiqueiros. Analise com a razão. É de suma importância votar certo. O voto errado será mau para o País, será ruim pra nós todos. Vote com coragem!
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[DL, 25/10/2010, p. 17]
Nota: O texto é um excerto do artigo Patriotismo e Eleições, de 2002.

sexta-feira, outubro 01, 2010

Engodo político do capitalismo!

Muitos defendem o capitalismo usando argumentos inconsistentes ou simplesmente apontando falhas do sistema socialista. Mas o sistema dominante no mundo atualmente apresenta várias imperfeições.
Querem nos fazer crer que vivemos numa democracia, em que as pessoas seriam livres e que todos os cidadãos seriam iguais perante a lei. Isso até consta na Constituição. Mas é uma grande mentira.
Até hoje não se apresentou tese séria alguma que comprovasse o sucesso do capitalismo, como sistema que atenderia aos interesses e as necessidades da maioria da população.
Não existe sociedade livre, justa e igualitária no socialismo e, muito menos, no capitalismo. Não pode ser considerado bom um sistema que permite o enriquecimento de uma minoria, enquanto a maioria das nações e das pessoas permanece pobre.
O capitalismo favorece tão somente aos países ricos e às elites burguesas, detentores do capital e dos meios de produção. Para que haja uns poucos ricos (capitalistas) é necessário que milhares de pessoas fiquem pobres e vendam sua força de trabalho aos donos do capital.
Mesmo passando a receber salário, o operário permanece na condição de escravo. Ou então não seria considerado escravo do capital quem passa dificuldades a vida inteira, porque não tem renda suficiente para satisfazer pelo menos as necessidades básicas suas e de sua família?
Também a mulher, que antes podia cuidar melhor da casa e dos filhos, conquista (?) o “direito” de ser serviçal (escrava) do capital. Aliás, já servia à burguesia como procriadora dependente. Além de ela ganhar menos, sua participação no mercado de trabalho faz com que o salário do homem seja reduzido significativamente. E com mais mão-de-obra barata, a acumulação capitalista fica cada vez mais garantida e reforça o poder político dos grupos dominantes.
O desemprego elevado no mundo todo é consequência também dessa ampliação (ou duplicação: homem mais mulher) da oferta de mão-de-obra.
Ainda que assalariado, muito trabalhador não consegue acumular recursos para adquirir sequer uma casinha decente. Pouquíssimos despossuídos, incluso aí os empregados, têm a chance de sair da base da pirâmide social.
E as lideranças inocentes (?) da classe operária ainda acham que nova redução da jornada de trabalho seria a melhor solução para gerar mais empregos. Seria muita ingenuidade acreditar que os capitalistas não reduziriam salários ou não usariam de instrumentos legais ou subterfúgios governamentais para assegurar, de qualquer forma, a manutenção dos lucros.
Melhor seria para a sociedade se o trabalhador (ou trabalhadora) fosse bem remunerado, com salário suficiente para sustentar sua família dignamente, sem depender de donativos governamentais minguados.
Mas a oligarquia usa o Estado, inclusive sob governo paternalista, para achatar salários e garantir lucros aos donos do capital. Isso tem acontecido com os governos brasileiros, independente de bandeiras políticas.
E nestas eleições, políticos trabalhistas e pseudo-socialistas, entre outros candidatos à Presidência do Brasil, têm prometido manter e, até mesmo, aumentar os míseros benefícios (ou esmolas?) dados para os pobres trabalhadores. O proletariado e demais classes desfavorecidas deveriam repugnar isso.
É preciso entender que os governantes e as elites dominantes, com a complacência da mídia subserviente – que quase sempre se mostra parcial e tendenciosa –, defendem o capitalismo e a (falsa) democracia simplesmente para manter o "status quo", porque isso serve aos seus interesses, não à maioria das pessoas.
Não existe possibilidade de todas as nações e a totalidade das pessoas tornarem-se ricas. É impossível distribuir renda sem que seja tirada uma parte daqueles que têm muito para dar aos que têm pouco ou nada. Enquanto não houver um sistema mais equitativo não se resolve os conflitos sociais.
Se o governo aplicasse um sistema tributário em que os ricos pagassem proporcionalmente tanto de imposto quanto as classes inferiores da sociedade, já teríamos resolvido grande parte das disparidades sociais.
Se o socialismo mostra-se ineficiente, o sistema capitalista, por sua vez, não satisfaz a maioria das nações e das pessoas.
A aglutinação do socialismo e o capitalismo, extirpando o que há de ruim de ambos os sistemas, ou o surgimento de um novo modelo de sociedade poderia resolver o grande dilema dos povos.
Quem sabe ainda veremos a redução da corrupção e teremos um novo sistema que minimize as desigualdades e injustiças sociais no Brasil e no mundo.
Devemos entender ainda que os capitalistas (banqueiros, empresários, fazendeiros) não doam tanto dinheiro para os partidos e candidatos políticos sem esperar nada em troca. Eles investem na eleição para obter vantagens depois e ganhar muito mais que gastaram, independentemente de quem seja vencedor.
Para votar certo, de verdade, o eleitor não pode se deixar levar pelas falácias de políticos ladrões, especialmente daqueles dissimulados de cordeiro, e não engolir o engodo político do capitalismo.
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[DL, 30/09/2010, p. 19]
=> Para ver um exemplo infundado, ilógico, inválido de defesa do capitalismo, sob o título "Socialismo e Comunismo: Experimento Interessante Ocorrido em 1931", clique aqui.

domingo, maio 09, 2010

A Taça das Bolinhas é do Flamengo!


Taça das Bolinhas

Zico com a Taça das Bolinhas após título brasileiro de 1983.


A chamada Taça das Bolinhas, envolvida em grande controvérsia, seria entregue definitivamente ao clube que primeiro conquistasse o Campeonato Brasileiro de Futebol três vezes consecutivas ou cinco de forma alternada. Nesse cômputo não se inclui título da Copa do Brasil.
A pendenga da Taça das Bolinhas teria origem em 1987, ano em que o Clube de Regatas do Flamengo sagrou-se campeão da Copa União, competição organizada pela "União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro - Clube dos Treze", porque a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por falta de recursos financeiros, havia desistido de realizar o campeonato nacional.
A Copa União (Módulo Verde) seria disputada pelos times do Clube dos Treze (Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama) mais três clubes convidados (Coritiba, Goiás e Santa Cruz), totalizando assim 16 equipes participantes do Campeonato Brasileiro de 1987 da primeira divisão, conforme determinação da CBF.
Da Copa Brasil (Módulo Amarelo) desse ano participariam também 16 equipes: América-RJ (que, em protesto, desistiu da competição), Atlético-GO, Atlético-PR, Bangu, Ceará, Criciúma, CSA-AL, Guarani, Inter de Limeira, Joinville, Náutico, Portuguesa, Rio Branco-ES, Sport, Treze-PB e Vitória-BA.
Com o intento de conciliar interesses e se apaziguar (?) com o Clube dos Treze, a CBF inventou o artifício de o título nacional daquele ano ser decidido em um quadrangular final, que seria disputado pelos campeões e vices dos módulos Verde (Flamengo e Internacional) e Amarelo (Sport e Guarani).
Situação semelhante haveria se a CBF não reconhecesse o título de campeão brasileiro da Série A (primeira divisão) conquistado pelo Flamengo em 2009 – tornando-se hexacampeão nacional legítimo (1980, 1982, 1983, 1987, 1992 e 2009), como, aliás, tem sido proclamado pela TV Globo e por outros veículos de imprensa –, e quisesse obrigar o time rubro-negro a decidir de novo o título nacional em confronto com o Vasco da Gama, campeão da Série B (segunda divisão) no ano passado.
O Clube dos Treze – composto atualmente por 20 equipes, incluindo o Sport Clube Recife –, com a anuência de todos os membros da associação, inclusive do São Paulo Futebol Clube, não concordou com a proposta descabida da CBF, e a tal decisão esdrúxula em um quadrangular final não aconteceu.
O Flamengo, computando o irrefutável título de 1987, conquistou o pentacampeonato brasileiro em 1992, e, consequentemente, o direito de posse da Taça das Bolinhas, que deveria ter-lhe sido concedida naquela oportunidade. Não obstante, a CBF mantém injustificavelmente o troféu guardado até hoje.
O São Paulo, signatário da decisão contraposta do Clube dos Treze, em ação incoerente e injusta, de forma antiética e imoral, reivindica a dita Taça, por ter se tornado pentacampeão em 2007, quinze anos depois de igual conquista do Flamengo.
Mudança de posição e descumprimento de compromisso assumido, inclusive com papel assinado, são coisas corriqueiras no campo político e futebolístico.
Se o Clube dos 13 e o próprio Flamengo estivessem errados, por que o senhor Ricardo Teixeira, presidente da CBF, não entregara a Taça das Bolinhas para os "bambis" em 2007, assim que o São Paulo conquistou o seu quinto título brasileiro? Não o fez, simplesmente pelo fato de que não existiria embasamento legal para destinar o troféu aos são-paulinos. Isso ratificaria o inquestionável direito do Flamengo à Taça das Bolinhas.
É sabido que Ricardo Terra Teixeira, 62 anos – que se elegeu presidente da CBF pela primeira vez em 1989, e se mantém no cargo até hoje, 21 anos depois –, ambiciona a cadeira que fora ocupada por seu ex-sogro e ex-presidente da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), Jean-Marie Faustin Godefroid de Havelange, o João Havelange, 94 anos. Havelange, hoje presidente de honra da Fifa, dirigiu esta entidade por 24 anos (1974-1998). Antes disso, o cartola nonagenário foi vice-presidente (1956-1958) e durante 17 anos (1958-1975) ocupou a presidência da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), organização precursora da CBF.
Mas antes de concorrer à almejada presidência da Fifa – entidade máxima do desporto-rei mundial, com sede em Zurique, na Suíça –, após a Copa do Mundo de 2014, quando terá completado 25 anos à frente da direção da CBF, o mandatário maior do futebol brasileiro pretende colocar em seu lugar uma pessoa de absoluta confiança da sua patota.
Podemos imaginar do que esses dirigentes esportivos são capazes para dar as cartas no mundo do futebol por tanto tempo. É notório que cartolas politicalhos e oportunistas modificam e manipulam estatutos e regulamentos conforme seus interesses. Derivaria de uma absurda manobra regulamentar a questão pendente há tanto tempo da Taça das Bolinhas.
Entre as pessoas confiáveis dele (Ricardo) para presidir a CBF estariam Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo, e Marcelo Campos Pinto, executivo da Globo Esportes – da Rede Globo, que possui demasiado controle sobre o futebol brasileiro, obrigando os times a jogarem após às 21h45, para não atrapalhar a transmissão de telenovela e reality show bestial, exibidos em horário nobre da TV.
Os dirigentes inescrupulosos e irresponsáveis não estão nem aí para o torcedor apaixonado que gosta de ir ao estádio de futebol para ver o seu time jogar. Os executivos inconsequentes não se importam nem um pouco com o trabalhador brasileiro que precisa levantar cedo no dia seguinte, ou no mesmo, pois muitos jogos terminam depois da meia-noite. Não é à toa que os clubes estão falidos e o futebol brasileiro está decaindo cada vez mais.
Para concretizar seu projeto (ou negócio) monstruoso, o grupo dominante do futebol brasileiro (leia-se Ricardo Teixeira, João Havelange e dirigentes da Rede Globo, entre outros) precisaria tomar também o comando do Clube dos Treze. E no projeto de poder dessa facção perversa se inclui ainda o controle da Confederação Sul-Americana de Futebol.
Então, com o escabroso propósito de domínio integral (da área) do desporto-rei, os coronéis deletérios do futebol tupiniquim lançaram Kléber Leite, ex-dirigente rubro-negro, como candidato à presidência do Clube dos 13, na disputa com Fábio Koff, que buscava a reeleição.
Apesar da pressão da TV Globo, do montante extraordinário de dinheiro da CBF dado pelo mandachuva Ricardo Teixeira para alguns clubes de futebol, e de outras vantagens prometidas a presidentes de clubes – como, por exemplo, o cargo de chefe da delegação brasileira na Copa da África do Sul, oferecido a Andrés Sanchez, presidente do Corinthians –, Koff derrotou o competidor Leite no pleito realizado em 12 de abril deste ano, por doze votos a oito. Com certeza, foram oito votos de cartolas corruptos, incorretos e interesseiros.
Vale ressaltar que entre os que votaram contra o flamenguista Kléber Leite, candidato do mandarim Ricardo Teixeira, está a própria presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, e o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio.
Só por que a flamenguista Amorim tomou a atitude corajosa de votar contra o candidato do todo-poderoso "Ricardinho", este (ou a CBF?) resolve retaliar o Flamengo, declarando que agora daria a Taça das Bolinhas para o São Paulo?
E seria também pelo mesmo motivo de o são-paulino Juvêncio ter votado no opositor deles (Kléber e Ricardo), que o “doutor” Teixeira estaria fazendo tudo para que o Estádio do Morumbi, que pertence ao São Paulo, seja excluído da lista de estádios que sediariam jogos da Copa do Mundo no Brasil. Ou deseja ele pelo menos impedir que o jogo de abertura da Copa 2014 seja realizado no estádio são-paulino. O jogo de encerramento do Mundial deverá acontecer no Estádio Mário Filho (Maracanã), no Rio de Janeiro.
É bom lembrar que o presidente da CBF mais de uma vez ameaçou entregar a “taça da discórdia” para o São Paulo, mas diante de protestos da massa flamenguista sempre recuou da ideia de cometer tal barbaridade e injustiça. Isso comprovaria que a decisão delirante do cartola-mor brazuca de dar a Taça das Bolinhas aos são-paulinos seria estritamente política, ou seja, sem qualquer fundamento técnico e jurídico.
Aliás, vale destacar que – com o reacendimento da famigerada polêmica após a eleição do Clube dos Treze, em que Fábio Koff foi reeleito presidente – o perdedor Kléber Leite, ex-mandatário rubro-negro, enviou carta à presidência do Flamengo afirmando veementemente o direito do clube à Taça das Bolinhas.
Portanto, verifica-se mais uma vez a inconsistência, a incoerência e a incongruência da presidência da CBF. Isto é, do ditador Ricardo Teixeira, ao querer, como represália, entregar hoje a Taça das Bolinhas para o São Paulo.
Caso essa imperdoável arbitrariedade seja levada a efeito, além de um contra-senso, seria um desmando e uma leviandade da cartolagem politiqueira. Esperamos que haja juízo e não seja praticado esse ato infundado, indecoroso, insensato.
A vingança do autoritarismo desportivo-futebolístico tem que ser derrotada pela vitória da verdade. O troféu conhecido como Taça das Bolinhas é verdadeiramente, de fato e de direito, do Clube de Regatas do Flamengo e da Nação Rubro-Negra.
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[DL, 03/05/2010, p. 14]
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