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sábado, março 03, 2007

Cultura Big Brother

Quem critica a qualidade da programação da televisão brasileira demonstra que pouco ou nada entende desse meio cultural colossal. Tudo que é transmitido pelas TVs, incluindo os programas enlatados importados, sem exceção, possui supremo valor informativo, instrutivo e cultural, além de proporcionar o melhor entretenimento a toda população tupiniquim.
O aprendizado, a formação, o aprimoramento das pessoas através da riquíssima programação televisiva em nosso país é tão extraordinário, tão fantástico, tão magnífico que ninguém precisaria freqüentar a escola e a universidade nem beber em fontes literárias para enriquecer-se culturalmente.
Basta observar que os espectadores de primeira classe - tidos como os seres mais inteligentes, os super bem informados, os que possuem bom senso crítico - não perdem nenhum programa excepcional televisionado. E um exemplo de programa espetacular de elevadíssimo teor cultural é o Big Brother Brasil (BBB), que este ano chega à sétima edição. Os altos índices de audiência fazem com que programas qualificados desse tipo fiquem no ar por muito tempo. E não é à toa que as novelas fazem tanto sucesso há décadas no Brasil.
O Big Brother é tão importante culturalmente para o povo brasileiro - em sua imensa maioria cidadãos eruditos - que, além do programa diário, em horário nobre, e de outro direcionado a adultos na tevê aberta global, de madrugada, denominado "BBB só para maiores", e de conteúdo exclusivo no pay-per-view da televisão por assinatura e na internet, a TV Globo e suas afiliadas - emissoras/retransmissoras - ainda dedicam espaços abundantes em telejornais e em vários outros programas para falar e mostrar cenas do reality show. Não esquecendo ainda das incontáveis chamadas nos intervalos comerciais convidando o público a assistir o espetáculo e votar - pagando para isso - na eliminação de participantes. Também outras televisões e as demais mídias repercutem esse programa fenomenal. E os inteligentes telespectadores não devem perder as entrevistas dos intelectuais partícipes do BBB, porque os sapientes artistas globais expressam coisas absolutamente relevantes e dão exemplos primorosos para as gentes de todas as idades.
É impressionante como indivíduos não apreciadores da cultura Big Brother não conseguem entender porque os sujeitos extremamente cultos, que não perdem um BBB, por considerá-lo um programa altamente edificante, são contra o presidente da Venezuela, Hugo Chaves, por ele ter feito severas críticas à Rede Globo, acusando-a de ser cupincha dos imperialistas Yanques. Pensam aqueles incultos que o interessante reality show é bobice inútil, e não reconhecem que as TVs brasileiras - que cumprem rigorosamente sua obrigação de prestar um serviço de informação, educação e entretenimento de qualidade - preocupam-se unicamente em produzir conteúdos excelentes e/ou difundir programas de maior valor cultural.
Com o advento da televisão digital haverá melhoria da "telecultura" nacional, e os espectadores intelectualistas adeptos da cultura Big Brother - que se deliciam com os variados reality shows esplêndidos - poderão tirar máximo proveito do supra-sumo televisivo brazuca e aperfeiçoar os seus conhecimentos interagindo com esse e outros programas similares incrementados considerados de bom gosto.
Teria sido burrice da top model loira Gisele Bündchen dizer que não assiste TV porque ao invés de coisas inteligentes e criativas, as emissoras só fazem reality shows? E existem muitas outras pessoas mal alfabetizadas que nunca assistiram ao formidável Big Brother Brasil - que numa tradução livre quer dizer: Bizarro Bacanal Bestial - nem assistem a vários outros programas televisivos igualmente valorosos educativamente, preferindo permanecer alheias a essa cultura popular mundial.
Então, assim como a modelo gaúcha Gisele e tantos outros inalienados, este ignorante escriba também estaria errado em fazer crítica, ironia ou sátira de tão sublimes programas apresentados pelas responsáveis televisoras brasileiras?
Nelson Heinzen,
Itajaí - SC.
[DL, 02/03/2007, p. 17]