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sábado, outubro 28, 2006

Promiscuidade Política

Estamos vendo neste ano uma das campanhas políticas mais nojentas das últimas décadas. A situação política no Brasil é deplorável. O sistema político-partidário está putrefato. E o povo brasileiro anda frustrado com a classe política. Não existe ideologia. Não existe moral. Não existe ética. No vale-tudo da disputa político-eleitoral vê-se coisas indesejáveis, inimagináveis e inadmissíveis por qualquer cidadão de bem. Não pretendemos, aqui, falar de baixarias, de mentiras, de falsas promessas e nem de ataques ou disparatados golpes baixos de candidatos a adversários. Mas, sim, das relações promíscuas dos politicalhos.
Esperidião Amin (PP) foi eleito governador do Estado duas vezes apoiado por Jorge Konder Bornhausen (PFL). Vilson Kleinubing (PFL) elegeu-se governador com o apoio de Amin. Jandir Bellini (PP) tornou-se prefeito de Itajaí e foi reeleito com o apoio do PFL. Apoiado por Bellini, João Macagnan (PFL) foi derrotado por Volnei Morastoni (PT), prefeito eleito. Seria normal, portanto, o PP (ex-PPR e ex-PPB) e o PFL, partidos de direita (?), concorrerem juntos, haja vista que ambas as siglas originaram-se do PDS - Partido Democrático Social (ex-Arena).
Esquisito foi ver Jorge Bornhausen e sua trupe abandonar a candidata Ângela Amin (PP), e apoiar no segundo turno Paulo Afonso Vieira (PMDB), governador eleito. Alguém saberia dizer a que preço essas meretrizes políticas sem ideologia, sem ética, sem moral venderam-se? O escândalo da emissão de títulos públicos para pagamento de precatórios (escândalo das letras) que levou ao processo de impeachment do governador do PMDB (ex-MDB), explicaria como se arranjou dinheiro para pagar a adesão dessas prostitutas políticas do PFL, que se entregam ora para um, ora para outro. [Os profissionais do sexo certamente exercem sua atividade com muito mais dignidade que os nefastos politicalhos.] Diga-se, todavia, que existe pefelista com coerência política, como o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinubing, que, contrariando os mandachuvas do PFL, não faz campanha para Luiz Henrique.
E a chamada tríplice aliança (PMDB/PSDB/PFL...) formada nestas eleições pelo Luiz Henrique da Silveira, velha raposa política, é a mais esdrúxula coligação da história de Santa Catarina. Num país sério, o ajuntamento escandaloso de tantos partidos díspares em torno de uma candidatura causaria espanto. Mas no Brasil atual, com tanta sacanagem acontecendo, a libertinagem política tem sido corriqueira. As vagabundas do PFL se entregam de novo ao PMDB de Luiz Henrique a troco de dinheiro (e pode isso?), de cargos e de outras benesses para si e seus companheiros. E Leonel Pavan (PSDB) renunciou a mais de quatro anos de mandato no Senado Federal a troco de quê? Só pela vaga de vice-governador é que não deve ser. Você, cidadão de bem, se abraçaria com traficante, com bandido, com gente mundana só para vencer na vida? O governador-candidato não sabe de nada ou finge que desconhece a má conduta de elementos da sua chapa. Aliás, como é que pode uma coligação de oito partidos ser denominada "tríplice aliança"? Haja imbecilidade! Isso é desrespeito e menosprezo do rufião e das prostitutas de luxo para com os acompanhantes de menor importância.
Todo mundo quer saber de onde o alcoviteiro, quer dizer, o governador, caso reeleito, tirará dinheiro para dar às tantas rameiras políticas que abraçaram sua candidatura. É certo que a promiscuidade entre o governador Luiz Henrique, se reconduzido ao cargo, e essa leva de politiqueiros bandidos custará caro ao povo barriga-verde. Para satisfazer a ganância de todos os abutres políticos - incluso os nanicos derrotados que, por uma vaguinha no covil, aderiram à patota de LHS no segundo turno - desse ajuntamento espúrio e sustentar o bordel do governo de Santa Catarina, o assalto aos cofres públicos terá que ser incomensurável. Mas gostaríamos que a roubalheira não ocorresse e que não fosse necessário mais um processo de impeachment de um governador do PMDB. Caso isso volte a acontecer, quem sofrerá as conseqüências será todo o povo catarinense. Infelizmente, é sobretudo com os votos do eleitores apedeutas que os politicalhos são eleitos e reeleitos.
Os cidadãos barrigas-verdes devem lembrar-se que na eleição passada Luiz Henrique elegeu-se governador com apoios de Luiz Inácio Lula da Silva e de José Fritsch (PT) no segundo turno. Depois das eleições, desconsiderando os votos dos eleitores petistas, o governador deixou o PT catarinense a ver navios. E nestas eleições o governador ingrato tampouco retribui a Lula da Silva o apoio recebido. Dado que, devido à tal da tríplice aliança, que nenhuma pessoa sensata consegue entender, o governador emedebista traidor está fazendo campanha para o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Em geral do político ladrão esperar o quê? Mentiras, corrupção, roubalheira, falta de ética. Se reeleito, o governador Luiz Henrique meterá o pé na bunda dos pefelistas, dos tucanos e dos demais apoiadores, como fez com os petistas após a eleição passada? Não é nessa gentalha que devemos confiar.
É bom lembrar ainda aos eleitores petistas que apesar de o PT ter candidato ao governo de Santa Catarina (Fritsch) e à Presidência da República (Lula) nestas eleições, o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, ainda antes de começar a campanha do primeiro turno já declarou apoio a Luiz Henrique, que está com o tucano Alckmin. Existem comentários de que Morastoni estaria trocando de partido. Ele iria para o PMDB? Isso se concretizando, estaria ele traindo todos aqueles eleitores que votaram nele várias vezes, que fizeram-no vereador, deputado estadual e prefeito de Itajaí. Pelo visto, o prefeito vermelhinho seria a mais nova prostituta política catarinense.
Devemos recordar também que Luiz Henrique elegeu-se governador malhando as oligarquias, da qual faz parte, segundo ele mesmo, os seus atuais parceiros do PFL. Como se explica Luiz Henrique ter se ajuntado agora com essa "raça" que não prestava? Quanto o governador LHS estaria pagando para o cacique sem-vergonha do PFL - que escreve artigo em jornal de circulação nacional cobrando a origem do R$ 1,7 milhão do dossiê sobre a Máfia dos Sanguessugas, surgida durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) -, ficar calado e ajudar a acobertar a origem e o destino da fortuna astronômica de R$ 2 milhões em dinheiro vivo apreendida recentemente pela Polícia Federal com Aldo Hey Neto, então assessor da Secretaria da Fazenda de Santa Catarina? Pelo jeito, de uma eleição para outra, os demônios teriam virado santos.
A aliança de politicalhos por toda Santa Catarina esperava eleger facilmente Luiz Henrique no primeiro turno, mas não logrou êxito. Isso mostra que o eleitor catarinense não é tão alienado nem tão bobo quanto eles pensam. Os eleitores espertos sabem que os politiqueiros safados querem o poder a qualquer custo. Depois, o povo que se exploda! O eleitor que detesta enganação, que é contra a corrupção, que não comunga com a conduta dos políticos fisiologistas salafrários que se vendem por dinheiro e por cargos para si e para os seus, haverá de condenar à derrota esse ajuntamento de indivíduos oportunistas sem caráter. Pense direito e veja em que tipo de gente você poderá estar votando.
Você, eleitor sério, quer que o palácio do governo do Estado seja um valhacouto de prostitutas políticas vadias? A você, eleitor honesto, essa gentalha vai continuar enganando? Caro Eleitor! Pense bem antes de decidir em quem votar. Há que se optar pelo melhor administrador, por aquele que tem mais condições de comandar direito o nosso Estado nos próximos quatro anos. Cabe, enfim, ao eleitorado barriga-verde decidir por um futuro melhor para todos nós, escolhendo corretamente o novo governador de Santa Catarina. E todo eleitor, com sabedoria e consciência, haverá de votar certo no dia 29 de outubro.
Nelson Heinzen,
Itajaí - SC.
[DL, 31/10/2006, p. T32]