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segunda-feira, setembro 30, 1996

A Importância do Voto

Diante de tudo que se observa, especialmente no que se refere ao comportamento e aos atos praticados pelos políticos, há a necessidade de se fazer alguma coisa, mesmo que não seja algo maior, para conscientizar os eleitores sobre a importância do voto e do ato de votar.
Manter-se alheio, omisso ou abster-se do processo político é uma forma de concordar com as práticas dos políticos e de aceitar passivamente tudo o que está acontecendo.
Se queremos mudanças, e desejamos que a situação realmente melhore, não devemos deixar de participar deste momento histórico - eleições -, mesmo que seja simplesmente votando.
Votar por votar pode ser um ato sem importância, sobretudo quando se age alienadamente. Agora, para que o voto realmente tenha valor, seja, de fato, importante, é fundamental votar certo.
Deve-se fazer, para isso, a partir das referências, informações e propostas apresentadas, uma análise criteriosa para optar pelo melhor, entre aqueles que se apresentam como candidatos a governantes e/ou representantes do povo.
Ou seja, é preciso agir com inteligência, raciocínio e consciência pata tomar a decisão mais acertada.
Através do voto o eleitor estará depositando confiança em determinada pessoa - ou mais de uma -, esperando que a mesma faça o que for possível para realizar tudo aquilo que a população necessita e/ou deseja.
Deve-se considerar, portanto, que o político não deve ser eleito para "trabalhar" apenas para algumas pessoas ou determinados grupos econômicos, mas sim para trabalhar em benefício de todos, sem distinção ou preferência alguma.
É preciso entender também que quando um eleitor - cidadão - pede alguma coisa de caráter pessoal a qualquer candidato, e tem seu pedido atendido, ele está recebendo, na verdade, uma "esmola". Mas a população, na sua quase totalidade, mesmo sendo pobre, não gosta de pedir e não quer esmola.
O que o cidadão quer é oportunidade de trabalho, quer emprego, quer ter renda para que ele mesmo possa adquirir, com seus próprios recursos, tudo o que for essencial para satisfazer as suas necessidades.
Vale dizer que as "esmolas" dadas pelos políticos vão, na maioria dos casos, ser pagas pelo próprio povo. Pois, invariavelmente, estes políticos "bondosos" (?) vão, principalmente quando eleitos, arranjar um meio de recuperar tudo o que gastaram para se eleger, utilizando-se dos artifícios da lei, ou através do desvio de verbas, fraudes, falcatruas etc.
Eleitor! Não troque, portanto, o seu voto por uma carrada de barro ou areia, uma dentadura, uma passagem de ônibus, pela providência de um documento, por uma bolsa de estudo etc.
Aliás, não venda o seu voto por coisa alguma, porque, se o fizer, você estará "assinando uma declaração" autorizando o político a "roubar" o dinheiro público - que é da sociedade, que também é seu.
Salienta-se ainda que o político não tem que dar nada para o eleitor, nem antes e nem depois da eleição. A função dele, exercendo o seu mandato, é fazer com que os recursos públicos - que, reafirma-se, são do povo - sejam administrados corretamente e aplicados adequadamente para realizar as obras e os serviços indispensáveis à população, seja na área da saúde, educação, habitação, lazer, infra-estrutura etc.
Por outro lado, não se pode dizer que todo político é ladrão. Pois, mesmo que a maioria seja picareta (desonesta) - situação que precisa ser alterada -, há que se acreditar que existem exceções.
Sempre haverá de existir alguém honesto e dedicado que se propõe a trabalhar pelo povo e para o povo, por idealismo, por amor à causa pública, pelo prazer e pela satisfação de contribuir na realização do bem-estar da população, sem desconsiderar a remuneração, evidentemente.
Eleitor! Se, mesmo que a eleição esteja próxima, você ainda se encontrar indeciso, porque desconhece ou tem dúvidas sobre as propostas e as qualidades dos candidatos que estão concorrendo - quer seja para presidente, senador, deputado, governador, prefeito ou vereador - não deixe de tomar conhecimento sobre a conduta, idoneidade e os propósitos dos mesmos, para que você possa evitar, na medida do possível, de cometer um erro, votando na pessoa errada.
Se, todavia, depois de observar tudo isso, além de outras particularidades, você fizer uma análise consciente sobre as proposições apresentadas e se decidir por determinado candidato, tendo certeza que fez a escolha certa, por entender que essa é a melhor opção, devido considerar que o seu candidato é uma pessoa idônea (competente, responsável e bem intencionada), estará agindo de forma correta e sensata.
Deve, então, manter esta posição e votar com a consciência tranqüila, porque você estará seguindo o melhor caminho, ainda que, porventura, o seu candidato não seja uma solução ideal. É isso que todos os eleitores devem fazer.
Finalmente, se você, eleitor, acredita que uma determinada administração - seja federal, estadual ou municipal - está fazendo a coisa certa, administrando e aplicando bem os recursos públicos, então deve procurar fazer com que ela continue governando, ainda que indiretamente, utilizando-se, para isso, do seu voto para respaldar a continuidade, deste bom trabalho.
Por outro lado, se você discorda dos atos praticados por determinada administração, tem dúvidas quanto aos procedimentos adotados pela mesma, ou imagina que muitas coisas podem ser melhoradas, então utilize o seu voto, também, para que a mudança possa acontecer.
Não podemos deixar de considerar que o comportamento da classe política é um reflexo da própria sociedade, embora o exemplo devesse vir de cima - daqueles que são responsáveis pelo comando da nação.
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[AN, Setembro/1996]