A Prefeitura Municipal de Itajaí e o Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infra-estrutura (Semasa) convidaram o público em geral para conhecer as obras da barragem de contenção da salinidade que está sendo construída – com recursos do Governo Federal – no rio Itajaí-Mirim novo (canal), a jusante do ponto de captação de água da estação de tratamento, no bairro São Roque, distando cerca de quinhentos metros a oeste da rodovia federal BR-101. É uma obra de engenharia especializada, de execução complexa e trabalhosa e bastante onerosa. Esperamos que o custo-benefício seja realmente positivo para a sociedade itajaiense.
O prefeito Volnei Morastoni e o diretor do Semasa, Marcelo Sodré, além de técnicos da autarquia municipal e engenheiros da empresa construtora, nos dias 11 e 12 de novembro, apresentaram a obra ao povo presente e deram explicações sobre a estrutura, que terá um sistema de comportas, e sua importância para solucionar o problema da salinidade na água que é fornecida às populações de Itajaí e Navegantes. As autoridades responderam a questionamentos de pessoas que lá estiveram, sobre a barragem e seu impacto ambiental naquela área, sobre os efeitos na água captada depois de concluída a construção, entre outras questões. Quando a barragem estiver pronta outras medidas serão tomadas para melhorar a qualidade da água de consumo, dentre as quais estaria a desativação do ponto de captação no rio Canhanduba, origem principal do mau cheiro da água que chega às nossas torneiras.
Uma das questões mais discutidas no evento de visitação foi o porquê de a água que os consumidores estão recebendo nos últimos tempos estar muito mais salgada. Essa água salobra contendo ainda outras impurezas, que seria imprópria para o consumo humano, imprestável para banho pessoal – inclusive com chuveiros elétricos dando choques e tendo resistências queimadas – e para lavagem de roupas e, até mesmo, inadequada para regar plantas. Pareceu-nos plausível o esclarecimento de Volnei Morastoni, de que a dragagem do rio Itajaí-Açu, para que navios de maior calado pudessem adentrar ao Porto, tivesse como efeito colateral a invasão (ou intrusão?) de maior quantidade de água do mar, independentemente de marés, ressacas, ciclones e outros fenômenos climáticos. Sob qualquer circunstância, a barragem deverá resolver definitivamente o problema da salinidade na água tratada. Demorará alguns meses até que a obra esteja concluída, mas ainda neste ano ela já deverá estar operando parcialmente, possibilitando melhora significativa na qualidade da água servida à população.
Ao falar das importantes ações que o atual Governo Municipal está promovendo no setor de abastecimento de água da cidade, o diretor Marcelo Sodré também deveria lembrar as pessoas de que o sistema de tratamento e distribuição de água de Itajaí, que estava em estado lastimável devido ao desleixamento da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), foi municipalizado pelo Governo anterior, tendo então o Semasa realizado várias melhorias nas estações de tratamento. Poderia até citar aquela malfeita barragem de troncos de eucaliptos plantados na mesma área da atual construção – na gestão do ex-diretor Luiz Carlos Pissetti –, que foi destruída pela primeira enxurrada, resultando só em dinheiro jogado fora.
Depois de pronta, além do estaqueamento e da barreira de proteção contra infiltração e erosão de aço enterrados sob o leito do rio, grande parte da estrutura de concreto da barragem ficará submersa, e não parecerá uma obra tão vultosa quanto será realmente. Deverá ser permitida a passagem de pedestres e ciclistas por sobre a barragem, que poderão ir de um lado do rio para o outro sem que precisem circular pela perigosa BR-101. Segundo Morastoni, a barragem pode se tornar um ponto turístico. Não cremos muito nisso. Mas se a obra, com operação eficiente de suas comportas, cumprir perfeitamente a função para a qual foi projetada já estará de bom tamanho. E a população se dará por satisfeita tendo disponível uma água tratada de primeira qualidade.
Quem esteve na barragem no sábado (11), à tarde, pôde observar que a quase totalidade dos visitantes eram pessoas humildes, que utilizaram o ônibus colocado à disposição pela Prefeitura Municipal para ir até o local. Pelo visto, as pessoas da classe média, que têm dinheiro para comprar água mineral para beber e cozer alimentos, e os ricos, que possivelmente usam água mineral até para manter a higiene pessoal, não estão muito preocupados com a construção da barragem. E do inexistente saneamento básico de nossa cidade eles também não querem saber? Ressalta-se que os ricos consomem mais água per capita. E são eles que mais desrespeitam a legislação e mais destroem o meio ambiente (no site do Semasa consta erroneamente "meio-ambiente", com hífen).
Vez por outra alguém inventa uma nova expressão para se referir a alguma coisa há muito conhecida pelo público geral ou numa linguagem técnica específica. E de repente a mídia inteira passa a empregar a novidade, que muitas vezes acaba se popularizando. A bobagem da hora, que até gentes cultas desconhecem o que seja, chama-se "cunha salina".
Nelson Heinzen,
Itajaí - SC.
[DL, 14/11/2006, p. 19]
O prefeito Volnei Morastoni e o diretor do Semasa, Marcelo Sodré, além de técnicos da autarquia municipal e engenheiros da empresa construtora, nos dias 11 e 12 de novembro, apresentaram a obra ao povo presente e deram explicações sobre a estrutura, que terá um sistema de comportas, e sua importância para solucionar o problema da salinidade na água que é fornecida às populações de Itajaí e Navegantes. As autoridades responderam a questionamentos de pessoas que lá estiveram, sobre a barragem e seu impacto ambiental naquela área, sobre os efeitos na água captada depois de concluída a construção, entre outras questões. Quando a barragem estiver pronta outras medidas serão tomadas para melhorar a qualidade da água de consumo, dentre as quais estaria a desativação do ponto de captação no rio Canhanduba, origem principal do mau cheiro da água que chega às nossas torneiras.
Uma das questões mais discutidas no evento de visitação foi o porquê de a água que os consumidores estão recebendo nos últimos tempos estar muito mais salgada. Essa água salobra contendo ainda outras impurezas, que seria imprópria para o consumo humano, imprestável para banho pessoal – inclusive com chuveiros elétricos dando choques e tendo resistências queimadas – e para lavagem de roupas e, até mesmo, inadequada para regar plantas. Pareceu-nos plausível o esclarecimento de Volnei Morastoni, de que a dragagem do rio Itajaí-Açu, para que navios de maior calado pudessem adentrar ao Porto, tivesse como efeito colateral a invasão (ou intrusão?) de maior quantidade de água do mar, independentemente de marés, ressacas, ciclones e outros fenômenos climáticos. Sob qualquer circunstância, a barragem deverá resolver definitivamente o problema da salinidade na água tratada. Demorará alguns meses até que a obra esteja concluída, mas ainda neste ano ela já deverá estar operando parcialmente, possibilitando melhora significativa na qualidade da água servida à população.
Ao falar das importantes ações que o atual Governo Municipal está promovendo no setor de abastecimento de água da cidade, o diretor Marcelo Sodré também deveria lembrar as pessoas de que o sistema de tratamento e distribuição de água de Itajaí, que estava em estado lastimável devido ao desleixamento da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), foi municipalizado pelo Governo anterior, tendo então o Semasa realizado várias melhorias nas estações de tratamento. Poderia até citar aquela malfeita barragem de troncos de eucaliptos plantados na mesma área da atual construção – na gestão do ex-diretor Luiz Carlos Pissetti –, que foi destruída pela primeira enxurrada, resultando só em dinheiro jogado fora.
Depois de pronta, além do estaqueamento e da barreira de proteção contra infiltração e erosão de aço enterrados sob o leito do rio, grande parte da estrutura de concreto da barragem ficará submersa, e não parecerá uma obra tão vultosa quanto será realmente. Deverá ser permitida a passagem de pedestres e ciclistas por sobre a barragem, que poderão ir de um lado do rio para o outro sem que precisem circular pela perigosa BR-101. Segundo Morastoni, a barragem pode se tornar um ponto turístico. Não cremos muito nisso. Mas se a obra, com operação eficiente de suas comportas, cumprir perfeitamente a função para a qual foi projetada já estará de bom tamanho. E a população se dará por satisfeita tendo disponível uma água tratada de primeira qualidade.
Quem esteve na barragem no sábado (11), à tarde, pôde observar que a quase totalidade dos visitantes eram pessoas humildes, que utilizaram o ônibus colocado à disposição pela Prefeitura Municipal para ir até o local. Pelo visto, as pessoas da classe média, que têm dinheiro para comprar água mineral para beber e cozer alimentos, e os ricos, que possivelmente usam água mineral até para manter a higiene pessoal, não estão muito preocupados com a construção da barragem. E do inexistente saneamento básico de nossa cidade eles também não querem saber? Ressalta-se que os ricos consomem mais água per capita. E são eles que mais desrespeitam a legislação e mais destroem o meio ambiente (no site do Semasa consta erroneamente "meio-ambiente", com hífen).
Vez por outra alguém inventa uma nova expressão para se referir a alguma coisa há muito conhecida pelo público geral ou numa linguagem técnica específica. E de repente a mídia inteira passa a empregar a novidade, que muitas vezes acaba se popularizando. A bobagem da hora, que até gentes cultas desconhecem o que seja, chama-se "cunha salina".
Nelson Heinzen,
Itajaí - SC.
[DL, 14/11/2006, p. 19]