Governantes municipais, estaduais e federal e outros políticos demagogos e demais indivíduos inescrupulosos e oportunistas procuram tirar proveito da desgraça pública.
Sabemos que uma porção dos donativos (materiais) não chega às mãos das pessoas necessitadas. E igualmente às verbas públicas, muito do dinheiro de doações para ajudar os flagelados e reparar prejuízos causados pelas enchentes será desviado.
Como sempre acontece, boa parte dos valores financeiros doados pelos brasileiros e estrangeiros solidários – comovidos com a calamidade provocada pelas cheias em vários municípios do Estado de Santa Catarina – está sendo mal empregado.
Citamos como exemplo as “casas” que estão sendo feitas para os flagelados no bairro da Murta, na cidade de Itajaí. São seis casinholas de 30m² construídas em pinus (pinus elliottii) - inclusive as estacas -, madeira imprópria para essa finalidade.
Porque mesmo que seja tratada quimicamente, prolongando um pouco sua durabilidade, a madeira de pinus apodrece fácil em contato com a umidade e também é atacada por cupins. É, portanto, um material que não presta para a construção de casas na nossa região.
Além disso, com exceção do banheiro, as casinhas são fabricadas inteiras com materiais inflamáveis. Em caso de incêndio numa delas, além da habitação sinistrada da própria família moradora, também as dos seus vizinhos correm o risco de serem destruídas pelo fogo devido a pouca distância entre as mesmas.
E, pior, os barracos de madeira tomaram o lugar de casas de alvenaria de 42m², que fariam parte de um conjunto de 82 unidades habitacionais em construção no mesmo terreno.
Apostamos que os inundados contemplados não vão ficar muito tempo morando nos diminutos casebres de pinus – que “parecem casinhas de boneca”, como disse uma apresentadora de TV nacional em visita à primeira família instalada no local. Certamente essas pessoas vão querer mudar-se para casas de alvenaria no mesmo aglomerado, maiores e mais decentes, tão logo estas fiquem prontas.
Conjeturamos, assim, que os barracos de madeira de qualidade duvidosa lançados como definitivos na Murta, serão demolidos num futuro próximo.
Ainda que fosse uma solução provisória, o conjunto de casinholas de madeira deveria ter sido construído em outro terreno do Município. Pois aquela área também foi inundada pela cheia de novembro deste ano [de 2008], com lâmina d´água de mais ou menos um metro.
Aliás, ao invés de aplicar nos casebres de madeira, o dinheiro provindo dos doadores deveria ter sido investido na conclusão – no caso da Murta – das casas de alvenaria inacabadas do conjunto ali existente, algumas das quais já cobertas, que prontas ficariam em menos tempo e com gastos menores. [Se existe legislação impedindo isso, que detone-se a lei!]
Conforme noticiado na mídia, pelos planos dos bem-intencionados dirigentes (ou pelo menos acreditamos que assim o sejam) de uma grande emissora de televisão brasileira – que lançou campanha nacional de arrecadação de dinheiro para reconstruir Santa Catarina –, seriam edificadas milhares (a realidade indica que serão apenas algumas dezenas, talvez centenas) de “casas” iguais às levantadas na Murta, em vários municípios, para os barrigas-verdes desabrigados pelas enxurradas e pelos deslizamentos de terra devido a várias semanas consecutivas de chuva.
Enfatizamos que não interessa ao povo de Santa Catarina bater recorde (record, em inglês) de casas mal construídas. Ainda que em menor quantidade, seria mais importante construir casas em tamanho maior e de melhor qualidade e mais seguras.
O propósito primeiro deste escrito seria instigar os benfeitores (?) televisivos e as autoridades a rever o projeto de construção de casas populares para os flagelados. Não é admissível que o dinheiro angariado seja empregado em habitações mal feitas, e plantadas em áreas que sofrem inundação. Temos que evitar que novos habitáculos de qualidade inferior sejam erguidos em Itajaí e em outras cidades catarinenses.
Tanto as pessoas que fazem doações voluntárias quanto as beneficiárias de donativos e casas de habitação merecem mais respeito. O desmazelo dos responsáveis pela gestão dos dinheiros doados é condenável. Exigimos mais responsabilidade e correção dos nossos governantes e de quem mais envolver-se na reconstrução e recuperação do nosso Estado, especialmente quanto a aplicação dos importantes recursos solidários.
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[DL, 27/02/2009, p. 14]
Sabemos que uma porção dos donativos (materiais) não chega às mãos das pessoas necessitadas. E igualmente às verbas públicas, muito do dinheiro de doações para ajudar os flagelados e reparar prejuízos causados pelas enchentes será desviado.
Como sempre acontece, boa parte dos valores financeiros doados pelos brasileiros e estrangeiros solidários – comovidos com a calamidade provocada pelas cheias em vários municípios do Estado de Santa Catarina – está sendo mal empregado.
Citamos como exemplo as “casas” que estão sendo feitas para os flagelados no bairro da Murta, na cidade de Itajaí. São seis casinholas de 30m² construídas em pinus (pinus elliottii) - inclusive as estacas -, madeira imprópria para essa finalidade.
Porque mesmo que seja tratada quimicamente, prolongando um pouco sua durabilidade, a madeira de pinus apodrece fácil em contato com a umidade e também é atacada por cupins. É, portanto, um material que não presta para a construção de casas na nossa região.
Além disso, com exceção do banheiro, as casinhas são fabricadas inteiras com materiais inflamáveis. Em caso de incêndio numa delas, além da habitação sinistrada da própria família moradora, também as dos seus vizinhos correm o risco de serem destruídas pelo fogo devido a pouca distância entre as mesmas.
E, pior, os barracos de madeira tomaram o lugar de casas de alvenaria de 42m², que fariam parte de um conjunto de 82 unidades habitacionais em construção no mesmo terreno.
Apostamos que os inundados contemplados não vão ficar muito tempo morando nos diminutos casebres de pinus – que “parecem casinhas de boneca”, como disse uma apresentadora de TV nacional em visita à primeira família instalada no local. Certamente essas pessoas vão querer mudar-se para casas de alvenaria no mesmo aglomerado, maiores e mais decentes, tão logo estas fiquem prontas.
Conjeturamos, assim, que os barracos de madeira de qualidade duvidosa lançados como definitivos na Murta, serão demolidos num futuro próximo.
Ainda que fosse uma solução provisória, o conjunto de casinholas de madeira deveria ter sido construído em outro terreno do Município. Pois aquela área também foi inundada pela cheia de novembro deste ano [de 2008], com lâmina d´água de mais ou menos um metro.
Aliás, ao invés de aplicar nos casebres de madeira, o dinheiro provindo dos doadores deveria ter sido investido na conclusão – no caso da Murta – das casas de alvenaria inacabadas do conjunto ali existente, algumas das quais já cobertas, que prontas ficariam em menos tempo e com gastos menores. [Se existe legislação impedindo isso, que detone-se a lei!]
Conforme noticiado na mídia, pelos planos dos bem-intencionados dirigentes (ou pelo menos acreditamos que assim o sejam) de uma grande emissora de televisão brasileira – que lançou campanha nacional de arrecadação de dinheiro para reconstruir Santa Catarina –, seriam edificadas milhares (a realidade indica que serão apenas algumas dezenas, talvez centenas) de “casas” iguais às levantadas na Murta, em vários municípios, para os barrigas-verdes desabrigados pelas enxurradas e pelos deslizamentos de terra devido a várias semanas consecutivas de chuva.
Enfatizamos que não interessa ao povo de Santa Catarina bater recorde (record, em inglês) de casas mal construídas. Ainda que em menor quantidade, seria mais importante construir casas em tamanho maior e de melhor qualidade e mais seguras.
O propósito primeiro deste escrito seria instigar os benfeitores (?) televisivos e as autoridades a rever o projeto de construção de casas populares para os flagelados. Não é admissível que o dinheiro angariado seja empregado em habitações mal feitas, e plantadas em áreas que sofrem inundação. Temos que evitar que novos habitáculos de qualidade inferior sejam erguidos em Itajaí e em outras cidades catarinenses.
Tanto as pessoas que fazem doações voluntárias quanto as beneficiárias de donativos e casas de habitação merecem mais respeito. O desmazelo dos responsáveis pela gestão dos dinheiros doados é condenável. Exigimos mais responsabilidade e correção dos nossos governantes e de quem mais envolver-se na reconstrução e recuperação do nosso Estado, especialmente quanto a aplicação dos importantes recursos solidários.
Nelson Heinzen,
Itajaí – SC.
[DL, 27/02/2009, p. 14]